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News Letter do CRBio-2 de 28/8/2007 16:37:27

News Letter do CRBio-2


Grupo identifica célula-tronco por aparência
G1-Globo online | 28/8/2007 16:32:55

Existe uma série de dificuldades, éticas e técnicas, que impedem que as células-tronco se tornem, de fato, uma forma efetiva de enfrentar doenças em seres humanos. Entre elas, está o fato de que até agora era impossível verificar os resultados dos trabalhos sem usar DNA de outras células para identificar as que foram alteradas. Era, porque, pelo menos esse empecilho, por enquanto, parece vencido. Um grupo de pesquisadores americanos, que transformou células de pele de camundongo em células-tronco, conseguiu verificar as diferenças entre elas só olhando, pela aparência física de cada uma.
Até agora, para contornar a dificuldade em se enxergar as células, os cientistas usavam um truque, com os chamados "marcadores genéticos". São pedaços de DNA que fazem as células, por exemplo, brilhar na luz ultravioleta. Com isso, fica fácil identificar quais delas foram modificadas e quais tiveram o comportamento desejado.

Esse tipo de artimanha, no entanto, não precisou sequer chegar a ser usada pelos pesquisadores do Instituto Whitehead de Pesquisas Biomédicas, em Cambridge, no estado norte-americano de Massachusetts.

O grupo, liderado por Rudolf Jaenisch, é o mesmo que em junho passado divulgou um estudo na prestigiada revista "Nature" mostrando seus resultados na transformação de células da pele de camundongos em células-tronco (leia mais aqui). Agora, os pesquisadores Alexander Meissner e Marius Wernig mostram como conseguiram identificar essas células-tronco só por sua aparência.

O feito é importantíssimo, porque se as células-tronco um dia forem usadas para combater doenças em seres humanos, elas não poderão ter seu DNA alterado -– ou seja, não vai dar para usar células brilhantes, por exemplo, em gente. Só por isso, o grupo já teve uma nova menção na "Nature", desta vez no site da revista "filhote", "Nature Biotechnology".

A identificação ocorreu quase sem querer. A dupla esperava identificar as células-tronco à moda antiga, com os marcadores genéticos. Mas antes de eles entrarem em ação, os cientistas começaram a notar pequenas diferenças físicas entre as células normais dos roedores e as que foram "reprogramadas" para virarem células-tronco. As primeiras eram grandes e chatas. As outras, pequenas e redondas.

Isso simplifica, e bastante, o trabalho dos geneticistas. Pelo menos no caso das células reprogramadas, basta olhar para separar o joio do trigo.

Agora, a equipe vai se debruçar para resolver outros empecilhos da pesquisa. O primeiro será encontrar uma maneira de induzir as transformações de células comuns em células-tronco sem a utilização de vírus, como é feito até agora. O líder do grupo, Rudolf Jaenisch, se diz bastante otimista.



Reparo de DNA torna bactéria 'imortal'
G1-Globo online | 28/8/2007 16:33:22

Algumas bactérias, feito vampiros derrotados apenas temporariamente, conseguem permanecer em estado latente durante milhares e até milhões de anos para depois ressurgir. Ninguém sabia como os microrganismos realizavam essa façanha, mas uma equipe internacional de pesquisadores parece ter desvendado o mistério: as bactérias parecem corrigir constantemente seu DNA, mesmo quando aparentemente congeladas.

O estudo, coordenado por Eske Willerslev, da Universidade de Copenhague (Dinamarca), avaliou bactérias do Canadá, da Antártida e da Sibéria que vivem (ou vegetam, na verdade) no chamado permafrost, o solo permanentemente congelado dessas regiões. Os pesquisadores obtiveram amostras de DNA bactéria de áreas de permafrost que estão "hibernando" há até 1 milhão de anos.

O material genético é importante porque, até agora, acreditava-se que as bactérias congeladas passavam o tempo todo em estado dormente. É uma espécie de "modo de hibernação" no qual todas as principais funções celulares são travadas. O problema é que, nesse estado, a tendência é que o DNA de qualquer ser vivo comece a sofrer modificações lentas e inexoráveis em sua estrutura química, de tal forma que a bactéria teria sua sobrevivência comprometida.

Ao analisar os fragmentos de DNA obtidos até uma idade de cerca de 500 mil anos, os pesquisadores descobriram pedaços muito grandes de material genético, que em geral só são conseguidos com organismos vivos: se uma planta, animal ou micróbio está morto, seu DNA vai se quebrando em pedacinhos bem menores que os conseguidos na pesquisa.

Além disso, a análise genética não revelou nenhuma das alterações químicas esperadas em células que estão no estado dormente. E medições da emissão de gás carbônico -- a marca da "respiração" celular -- também revelaram a presença de metabolismo entre os microrganismos. Ou seja, em vez de entrarem num estado totalmente dormente, as bactérias na verdade continuam em atividade, mas de forma mais leve -- o que já é suficiente para que durem longos períodos de tempo com seu DNA sadio.



Brasil busca etanol a partir da celulose
G1-Globo online | 28/8/2007 16:33:57

Interessados em manter a liderança no mercado mundial de agroenergia, Brasil e Estados Unidos poderão unir forças para acelerar as pesquisas que permitam a produção economicamente viável de etanol a partir da celulose. O processo permite o reaproveitamento de materiais até agora descartados para a produção do biocombustível, como resíduos de madeira e bagaço de cana. Em setembro, cientistas brasileiros que fazem parte de cinco grupos de pesquisa vão viajar para os Estados Unidos para tentar costurar um protocolo de intenções nessa área com os americanos.

"O etanol produzido a partir da celulose é a grande bandeira, mas vamos buscar parcerias para algumas ações nas áreas agrícolas que têm gargalos científicos e tecnológicos", explicou o chefe-geral da unidade de Agroenergia da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Frederico Durães. O encontro de setembro será o quarto para tentar dar viabilidade ao acordo.

A produção de etanol a partir de celulose no Brasil ainda é experimental e não tem viabilidade econômica, já que os custos são altos. Mas a corrida para dominar a tecnologia já começou. E cada país aposta em caminhos próprios, até porque, para "quebrar" a molécula da celulose, cada matéria-prima exige uma enzima específica. No Brasil, as pesquisas se voltam, principalmente, para o desenvolvimento de enzimas que permitam extrair a celulose do bagaço da cana. Nos Estados Unidos, o foco está em outras matérias-primas, como o milho. Segundo o diretor do Departamento de Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia, Ricardo Dornelles, com a produção de etanol a partir da celulose extraída do bagaço da cana, a produção de álcool por hectare pode saltar dos atuais 6 mil a 7 mil litros para algo em torno de 10 mil a 12 mil litros.


ONU inicia encontro sobre aquecimento
G1-Globo online | 28/8/2007 16:34:25

Mais de mil membros de governos, indústrias e instituições de pesquisa participaram em Viena da abertura do encontro organizado pela ONU para discutir maneiras de combater o aquecimento global.
"As mudanças climáticas representam um enorme desafio que só pode ser enfrentado a nível global de maneira integrada", disse Josef Proell, ministro do Meio Ambiente austríaco, no evento de abertura. "Não temos muito tempo para criar as condições de trabalho ideais. Cada ano que passa sem que sejam tomadas medidas de combate é um ano em que aumentam os custos humanos e financeiros de adaptação", afirmou Proell.

"O mundo está assistindo e espera grandes progressos para a proteção do clima" nas negociações da ONU, que vão além do Tratado de Kyoto, declarou o movimento Greenpeace em um comunicado. "O Greenpeace exige um progresso claro que fortaleça o Protocolo de Kyoto e o leve para a sua segunda fase, que começa em 2013", disse Stephanie Tunmore, membro do movimento.

"Essas pequenas reuniões muitas vezes passam despercebidas, mas 2007 é um ano crucial para as negociações climáticas e por isso todos devem ficar sabendo de tudo", declarou Tunmore.

"O encontro é um bom indício, veremos se a comunidade política está mesmo disposta a ir além das plataformas bem intencionadas", comentou no domingo Yvo de Boer, secretário executivo da Agência de Mudanças Climáticas das Nações Unidas (UNFCCC). Ele disse ainda que a comunidade científica já apontou as conseqüências catastróficas que virão caso o mundo não comece a agir rápido.

A UNFCCC já publicou três relatórios científicos sobre as mudanças climáticas. O primeiro deles confirma: o aquecimento global é real e é causado por nós, humanos; o segundo lista o que irá acontecer se nenhuma medida for tomada para reverter o processo; o terceiro diz que já existem tecnologias e soluções para combater o problema.

De Boer deve apresentar ainda um quarto documento, analisando como investimentos financeiros podem contribuir para agravar a situação. "Essa análise é importante porque o investimento tradicional precisa ser redirecionado para alternativas menos agressivas ao clima e que levem em conta o impacto do aquecimento global", explicou.

A reunião desta semana também deve dar início aos preparativos para as negociações maiores da ONU que acontecerão em Nova York no mês que vem. Além disso, a UNFCCC irá organizar uma conferência com seus 191 membros em Bali, em dezembro, para discutir copromissos ambientais para depois de 2012, quando expira o Protocolo de Kyoto.



Brasil diz que combate efeito estufa, mas não aceita metas
Ambiente Brasil | 28/8/2007 16:35:16

O Brasil faz esforços para combater o aquecimento da atmosfera terrestre, mas não está disposto a aceitar metas para diminuir suas emissões de gases do efeito estufa em um acordo que suceda o Protocolo de Kyoto, disse em Viena José Domingos Miguez, secretário-executivo da Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima.

A imposição de metas para países em desenvolvimento equivaleria a "desvirtuar" o Protocolo de Kyoto, cuja vigência termina em 2012 e que destaca a maior responsabilidade histórica das nações desenvolvidas para o aquecimento global, afirmou Miguez.

O secretário-executivo participa de reunião técnica da Convenção Marco da ONU sobre Mudança Climática (UNFCCC, sigla em inglês) que é realizada esta semana na capital austríaca como preparação para o encontro internacional de líderes políticos que acontecerá no fim do ano, em Bali.

No terceiro mundo, afirmou Miguez, "parte da população está fora do mercado", e as emissões de gases do efeito estufa decorrem, em grande medida, de um processo de desenvolvimento. Já as nações ricas são responsáveis pelo atual processo de aquecimento global, pois se industrializaram antes - entre o final do século 18 e a primeira metade do 19.

Entre os esforços que o Brasil está fazendo, acrescentou, encontra-se uma grande diminuição no nível de emissões provocadas pelas queimadas em florestas, disse Miguez.

No Brasil, as queimadas florestais são responsáveis por cerca de três quartos das emissões de dióxido de carbono (CO2) e pela metade das emissões totais de gases que provocam o efeito estufa.

O secretário-executivo lembrou que o Brasil também participa de 32 projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), iniciativa do Protocolo de Kyoto por meio da qual as nações ricas ganham créditos para suas emissões ao financiar ações que reduzam as emissões nos países em desenvolvimento.


Premier diz que China assumirá obrigações no combate às mudanças climáticas
Ambiente Brasil | 28/8/2007 16:35:41

O primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, assegurou na segunda-feira a comunidade internacional que Pequim irá acabar com a crescente pirataria e assumir as suas responsabilidades no combate às mudanças climáticas.

Os comentários de Wen vieram depois de negociações oficiais durante a sua visita à primeira-ministra alemã, Ângela Merkel.

Wen se comprometeu em assumir as obrigações chinesas em relação às mudanças climáticas e ao aumento da eficiência energética. O primeiro-ministro disse que a China irá fazer tudo que pode para lutar contra a pirataria, mas que em relação às mudanças climáticas há algumas diferenças.

"Os chineses desejam, como todas as pessoas, céu azul, colinas verdes e água limpa. O desenvolvimento da China é uma oportunidade, não uma ameaça", disse durante uma conferência.

Segundo a Reuters, Wen afirmou que a tarefa de reduzir as emissões é muito mais árdua na China do que na Alemanha, por ser um país mais populoso e que ainda não alcançou o crescimento econômico dos industrializados, em termos de PIB per capita.

Considerando as mudanças climáticas como um desafio comum para a comunidade internacional, Wen disse que a China assumiu uma estratégia de desenvolvimento sustentável e que tem alcançado progressos notáveis na mitigação das mudanças climáticas e na melhoria do meio ambiente.

O governo chinês anunciou seu primeiro plano nacional em resposta às mudanças climáticas, e estabeleceu a meta de reduzir o consumo energético por unidade de produto interno bruto em 20%, e as cargas poluentes pesadas em 10% até 2010, disse o primeiro-ministro.


Secretário do MMA reconhece que boa parte da população não recebe água de qualidade
Agência Brasil | 28/8/2007 16:36:11

Embora tenha sido o primeiro país da América Latina a aprovar um plano nacional de recursos hídricos, o Brasil ainda não leva água de qualidade à população das áreas periféricas, favelas e semi-árido nordestino.

O secretário de Recursos Hídricos e Ambientes Urbanos do Ministério do Meio Ambiente, Luciano Zica, reconhece a falha, diz que muitas cidades não dispõem de informações confiáveis sobre a qualidade da água consumida por seus habitantes e destaca a importância de investimentos em saneamento básico, principalmente nas áreas rurais.

"É necessário uma preocupação muito grande com estas localidades, pois aí faltam informações sobre a qualidade da água consumida. Na grande maioria desses locais, a água vem de córregos e rios de superfície ou de poços e cacimbas, sem que haja qualquer controle da qualidade. O que queremos nos próximos anos é atingir o fornecimento de água de qualidade a todo o território nacional".

Para Zica, a aprovação da Lei nº 11.445 (plano nacional), sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em janeiro deste ano, é um sinal de que o país caminha "a passos firmes" para garantir que todos tenham acesso aos serviços de saneamento básico, de maneira adequada tanto à saúde pública quanto à proteção do meio ambiente.

A lei, que ainda tem de ser regulamentada, estabelece as novas diretrizes nacionais para o setor. Determina que haja disponibilidade, em todas as áreas urbanas, de serviços de drenagem e manejo das águas da chuva, além de uma articulação entre as políticas de desenvolvimento urbano e regional, de habitação, de combate à pobreza e de sua erradicação, de proteção ambiental, de promoção da saúde, entre outras.

O diretor da ANA - Agência Nacional de Águas Benedito Braga concorda que o Plano Nacional de Recursos Hídricos poderá proporcionar melhorias no setor e incentivar a participação de organizações não-governamentais e usuários no sistema de gestão da água. Braga, no entanto, diz que o plano não estabelece diretrizes objetivas do ponto de vista da infra-estrutura (estações de tratamento de esgotos, sistemas de irrigação para melhorar a produção agrícola, usinas hidrelétricas para produção de energia, entre outras obras de utilização dos recursos). "Faltou esse ponto para de fato encaminharmos (a questão) para solucionar os nossos problemas mais imediatos".

Luciano Zica também defende mudar a forma de cobrança pelo uso da água, gerando recursos para a revitalização de bacias hidrográficas e aqüíferos. Hoje, a conta paga pelo consumidor considera apenas o custo do tratamento e distribuição. Desde a aprovação da Lei nº 9.433, há dez anos, o que se discute é a cobrança também pelo consumo de água bruta (sem tratamento).

"Acho que é necessário implementar, em âmbito nacional, a cobrança pelo uso da água, cobrando daqueles que lucram com a utilização de um bem que interessa a toda a população", defende o secretário. Por enquanto, a prática só foi instituída nas bacias do Rio Paraíba do Sul (São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais) e dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), em São Paulo. "Eles já estão cobrando e tendo retorno para investir na conservação da água e na recuperação da própria bacia, fazendo uma boa gestão".

Pela lei, compete à Agência Nacional de Águas operacionalizar a cobrança pelo uso dos recursos hídricos de domínio da União, ou seja, dos rios e demais cursos d'água que atravessam mais de um estado. Antes, é necessário que seja demarcada a área da bacia hidrográfica, criado o comitê responsável por sua gestão, e instituída uma agência vinculada ao comitê. Junto à ANA, esta agência será responsável por realizar estudos de viabilidade financeira e a maneira como serão aplicados os recursos obtidos com a cobrança.

Na Bacia do PCJ, por exemplo, dentre todos os usuários, a Sabesp - Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo é a maior pagadora. Segundo a ANA, só em 2006 a companhia desembolsou cerca de R$ 6 milhões pela utilização das águas.


Eficiência energética é a chave contra o aquecimento, diz ONU
Estadão | 28/8/2007 16:36:40

VIENA - Melhorar a eficiência energética de usinas geradoras, prédios e carros é a maneira mais fácil de reduzir o ritmo do aquecimento global, mas o investimento para isso atingiria centenas de bilhões de dólares, disse a ONU na terça-feira.

Um relatório da entidade sobre investimentos climáticos, delineado numa reunião em Viena com mil delegados de 158 países, disse ainda que as emissões de gases do efeito estufa poderiam ser contidas de forma mais barata nos países em desenvolvimento do que nos desenvolvidos.

O dinheiro necessário para que até 2030 as emissões dos gases, especialmente pela queima de combustíveis fósseis, voltem aos níveis atuais deve equivaler de 0,3 a 0,5 do PIB mundial projetado para o período, ou 1,1 a 1,7 por cento dos fluxos globais de investimentos em 2030, segundo o relatório.

"A eficiência energética é o meio mais promissor de reduzir os gases do efeito estufa em curto prazo", disse Yvo de Boer, chefe do Secretariado de Mudança Climática da ONU, apresentando o relatório na conferência, que começou na segunda-feira e vai até sexta. O texto, de 216 páginas, foi publicado online na semana passada.

Ele afirmou que o documento deve orientar os governos reunidos na Áustria para iniciar as discussões sobre um tratado de longo prazo contra o aquecimento global que valha a partir de 2012, quando expira o Protocolo de Kyoto, que obriga 35 países desenvolvidos a reduzirem suas emissões de gases do efeito estufa.

O relatório estima que "o investimento global adicional e fluxos financeiros de 200 a 210 bilhões de dólares serão necessários em 2030 para devolver as emissões de gases do efeito estufa aos níveis atuais." O valor incluiria medidas relativas a fornecimento de energia, florestas e transportes.

O estudo também defende maior eficiência de usinas elétricas e combustíveis para carros e um melhor isolamento térmico em prédios. Prevê ainda uma expansão das energias renováveis, como solar e hidrelétrica, e também algum avanço da energia nuclear.

Já os investimentos para a adaptação à nova condição climática podem alcançar dezenas de bilhões de dólares em 2030. Será um dinheiro destinado, por exemplo, a combater o avanço da malária, à construção de diques ou à proteção de praias ameaçadas pelo aumento do nível do mar.

O relatório diz que o mercado de créditos de carbono precisa ser "significativamente ampliado para atender às necessidade de investimentos e fluxos financeiros adicionais." As empresas atualmente são responsáveis por cerca de 60 por cento dos investimentos globais.

Especialistas dizem que este é o primeiro estudo que busca fazer um retrato dos investimentos necessários em um único ano --neste caso, 2030.

De Boer disse que as melhores oportunidades de investimentos relativos à mudança climática estão nos países em desenvolvimento, mas isso não significa que os países ricos só devam investir fora de casa.

"Mais da metade do investimento energético necessário está em países em desenvolvimento", afirmou ele, citando o caso da China, que abre uma média de duas usinas a carvão por semana e precisaria de tecnologias para filtrar e enterrar o carbono emitido na atmosfera.


Caos ecológico leva pessoas a neutralizarem culpa e carbono
Observatório do Clima/ Folha de S.Paulo | 28/8/2007 16:37:11

Na última quarta, a aposentada Cecília Martinez, 66, repetiu mais uma vez uma atitude que vem praticando desde 2000. Plantou uma árvore.

Até semana passada, ela calcula ter repetido o gesto por 1.900 vezes. Mas suas mudas não estão no quintal, elas foram plantadas sem deixar calos ou sujeira de terra nas mãos. Bastou um rápido clique no mouse.

"Levanto cedo, vou para o computador, planto as árvores e fico com a consciência mais leve", conta Cecília. "Não entendo muito sobre aquecimento global. Mas acompanho o tema e sei que sou parte do problema. A gente sente culpa, e comecei a fazer isso para aliviar um pouco a consciência."

A aposentada é uma das principais jardineiras eletrônicas de um site ligado ao projeto SOS Mata Atlântica, em que internautas podem plantar árvores bancadas por empresas.

Ações simples como essa são cada vez mais comuns e se transformaram em uma maneira rápida e prática de aliviar a culpa ecológica.

São "atos de contrição eletrônica", na definição do psicanalista Jorge Forbes, 56. Ele lembra que, há 30 anos, as pessoas iam à igreja, falavam o que tinham cometido, rezavam e comungavam até voltar a pecar. "Essas são as mesmas pessoas que hoje deletam o pecado pelo plantio de árvores na internet. Limpo minha semana perversa com uma boa ação. É uma tremenda descarga de responsabilidade", diz Forbes.

Ninguém duvida que o aquecimento global seja um problema. Provoca derretimento de geleiras, elevação do nível dos mares, inundações e muita, muita culpa. Culpa por atividades cotidianas, como andar de carro, que polui e destrói a camada de ozônio, e até tomar um banho longo, que põe em risco um recurso finito.

Para Eda Tassara, 68, coordenadora do Laboratório de Psicologia Sócio-Ambiental e Intervenção da USP, o debate, em vez se transformar numa discussão sobre a mudança de hábito dos consumidores, foi canalizado para as catástrofes. Portanto, é natural que as pessoas se sintam culpadas e impotentes. E reajam com respostas imediatas, como clicar num site ecológico.

Festa sem carbono

O casal de arquitetos Renato Barandier, 27, e Izabella Lentino, 30, preferiu ir além da mesa do computador. No final de outubro, eles vão fazer de seu casamento, em Niterói (RJ), um evento "carbon free" -para usar um termo tão em voga.

"Quando pensamos nos caminhões trazendo vinho do Sul, nos convidados vindos da Alemanha e de Brasília, achamos que tínhamos de fazer alguma coisa para compensar o impacto", diz Renato.

Para minimizar o estrago ambiental provocado pela união, eles irão plantar árvores. Quantas, o casal ainda não sabe. Eles contrataram a empresa Carbono Neutro para fazer a conta. Plantio e acompanhamento do crescimento das plantas também serão de responsabilidade da empresa.

"Só queremos que as pessoas saibam que pequenas ações também têm impactos simples de serem compensados sem esforços", explica Renato.

Assim como o casal, tem muita personalidade divulgando a causa verde. O ator Leonardo diCaprio produziu um documentário sobre a crise ambiental, assim como Al Gore, o garoto-propaganda da causa.

Foi exatamente a visita de Gore ao Brasil quem incentivou a estréia ecológica do taxista João Batista Santos, 43. "Só se falava em aquecimento global, essas coisas. Me senti responsável por parte do problema. Não quero parar de dirigir. Como vou fazer a minha parte?"

João encontrou uma maneira. Ele decidiu tentar neutralizar as emissões de carbono de seu táxi. O motorista conta que levou um susto quando descobriu que joga nos ares de São Paulo 93 kg de CO2 diariamente -a mesma quantia liberada por um carro a gasolina, de São Paulo a Ribeirão Preto (314 km de SP). Para compensar, o taxista precisa plantar uma árvore a cada sete dias.

De olho no feito, o taxista pede a contribuição dos passageiros. "Faço uma sugestão de doação. Uma corrida de 15 minutos gera 3 kg de CO2. Com muda e manutenção a R$ 40, o passageiro pode contribuir com R$ 0,16 para o plantio", explica. Pau-brasil, é bom frisar.

Alívio demorado

Se a compensação de carbono é difundida entre países, empresas e pessoas que querem fazer algo pelo meio ambiente, seus benefícios ainda não são um consenso.

"Não acontece na hora. As árvores podem levar 37 anos para crescer e consumir o gás. Atitude verde mesmo é não emitir", defende o diretor-presidente do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente, Helio Mattar.

Segundo pesquisa da Akatu, 37% das pessoas estão dispostas a pagar mais caro por produtos ecológicos e sociais. Mas Helio critica a simples troca. "Só substituir é um risco. Não basta que o produto seja verde ou social. O produto verde também precisa de energia, transporte, água. Por mais verde que seja, dificilmente não deixará impacto no meio ambiente. É preciso reduzir o consumo."

A mudança de hábito também é defendida pelo coordenador do projeto ESPM Social, Ismael Rocha, 48. "Quando você compra um produto desses, é como se livrasse da responsabilidade. É terceirizar a responsabilidade que você deveria ter." Há diferentes maneiras de passar a bola do compromisso para frente. Ir a um evento que planta árvores não representa uma ação significativa. "Os desavisados acham lindo. O que importa é o que eles fazem em casa depois", critica Ismael.

Eda Tassara, da USP, diz que um passo importante na construção de uma consciência ecológica se dá pela educação. "A mobilização em torno da causa deve levar as pessoas a discutirem e buscarem soluções. O problema é que muita gente age movida pelo politicamente correto. Essas ações, como plantar árvore pela internet, funcionam apenas como um corretivo."




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Enviado em 28/8/2007 16:37:27

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